Sentou-se. Esperou que a atendessem e olhou em volta. Tornou a olhar e os seus olhos percorreram aquela praça que certamente teria sido magnífica noutros tempos mas que ainda guardava um certo esplendor e charme. O repuxo no centro, os edíficios cheios de outras histórias e um vai-vem contínuo de gente que passava e que não deixava margem para enganos. Estava na Praça do Município daquela cidade, onde tinha nascido mas que não tinha conhecido. De repente vê o empregado à sua frente que junto com um sorriso, lhe pergunta o que deseja tomar. Faz o pedido e mais uma vez o seu olhar é transportado para o que a rodeia, e repara então nas cadeiras à sua volta; parecem-lhe cadeiras vagamente familiares e no entanto tão desconhecidas... Percebe então que decerto são as mesmas cadeiras, os mesmos estampados daqueles anos 70, que permaneceram, quase como a gritar que embora desbotadas, lembram-se e viram muita coisa e muita gente, assim em jeito de testemunhas de despedidas sentidas, de choros calados e de guerras.
Naquele café central, consegue visualizar jovens casais de outrora, cheios de esperança, carregados de sonhos. E pensa neles, nos seus pais. Como seria esta praça, no tempo dos seus pais? Será que vinham muito a este café, o Riviera, ou ali àquele, o Capri?
Será que namoraram aqui, será que se encontravam com os amigos neste café antes de irem a uma sessão de cinema? Nos Domingos antes de irem à praia, se calhar traziam-na para um pequeno passeio...
Tantas perguntas sem resposta...e no entanto uma sensação de se encontrar em casa...junto daquelas cadeiras em ferro, forjadas por mãos de outros tempos.
segunda-feira, novembro 20, 2006
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4 comentários:
Discordo, Capri n'est pas fini!
Mudou, talvez, mas tantos anos passaram, era preciso que algo mudasse (para que tudo ficasse na mesma, como diz o Leopardo), mas Capri resiste.
Eu quero uma Manica bem gelada para matar as saudades do que nunca conheci, como disseste ali atrás.
Beijos
Sai uma Manica bem gelada para a menina do Riviera! E com caju...
Beijos
Bia,
Obrigada por este belo texto, é muito reconfortante e faz-nos pensar da herança dos outros tempos!
Bom dia Carraça,
De facto às vezes vivemos num limbo entre tempos...e sem ser nostálgica acho importante recordar de onde somos e de onde vimos para podermos saber melhor para onde vamos...
Beijos
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