segunda-feira, novembro 20, 2006

Capri, c'est fini...?

Sentou-se. Esperou que a atendessem e olhou em volta. Tornou a olhar e os seus olhos percorreram aquela praça que certamente teria sido magnífica noutros tempos mas que ainda guardava um certo esplendor e charme. O repuxo no centro, os edíficios cheios de outras histórias e um vai-vem contínuo de gente que passava e que não deixava margem para enganos. Estava na Praça do Município daquela cidade, onde tinha nascido mas que não tinha conhecido. De repente vê o empregado à sua frente que junto com um sorriso, lhe pergunta o que deseja tomar. Faz o pedido e mais uma vez o seu olhar é transportado para o que a rodeia, e repara então nas cadeiras à sua volta; parecem-lhe cadeiras vagamente familiares e no entanto tão desconhecidas... Percebe então que decerto são as mesmas cadeiras, os mesmos estampados daqueles anos 70, que permaneceram, quase como a gritar que embora desbotadas, lembram-se e viram muita coisa e muita gente, assim em jeito de testemunhas de despedidas sentidas, de choros calados e de guerras.
Naquele café central, consegue visualizar jovens casais de outrora, cheios de esperança, carregados de sonhos. E pensa neles, nos seus pais. Como seria esta praça, no tempo dos seus pais? Será que vinham muito a este café, o Riviera, ou ali àquele, o Capri?
Será que namoraram aqui, será que se encontravam com os amigos neste café antes de irem a uma sessão de cinema? Nos Domingos antes de irem à praia, se calhar traziam-na para um pequeno passeio...
Tantas perguntas sem resposta...e no entanto uma sensação de se encontrar em casa...junto daquelas cadeiras em ferro, forjadas por mãos de outros tempos.

4 comentários:

Pitucha disse...

Discordo, Capri n'est pas fini!
Mudou, talvez, mas tantos anos passaram, era preciso que algo mudasse (para que tudo ficasse na mesma, como diz o Leopardo), mas Capri resiste.
Eu quero uma Manica bem gelada para matar as saudades do que nunca conheci, como disseste ali atrás.
Beijos

bia di sal disse...

Sai uma Manica bem gelada para a menina do Riviera! E com caju...
Beijos

Claudia Ganhao disse...

Bia,
Obrigada por este belo texto, é muito reconfortante e faz-nos pensar da herança dos outros tempos!

bia di sal disse...

Bom dia Carraça,
De facto às vezes vivemos num limbo entre tempos...e sem ser nostálgica acho importante recordar de onde somos e de onde vimos para podermos saber melhor para onde vamos...
Beijos